quinta-feira, 26 de junho de 2014

Estagnação

 (Recomendações de leitura: beber um copo de água e ler em voz alta)

Sobre amarelo vivo
Entardece a hora a que durmo
Nesse resplandecer altivo
Solto o breve respirar em fumo

E intento por vezes a razão
E ela me desconhece
Aos pesadelos dou vasão
E o frio que não veio amanhece

Sou o sentir da dor
o sentir tudo de todas as formas
sou o polir da cor
a vaidade que em cera transformas

Perante esse lírico destino
Restava o contentamento
Mas somos todos fascínio
O espelho que todos os dias lamento

E não há conclusão
Sem que haja uma manifestação
Conscientemente o ímpeto
Se eleva até ao altar do gesto!

Quantas mais serão as ofertas
Não esta, aquela ou estas
Mas todo o ser que se distrai
De si mesmo, sem que nada
o desminta do outro velho ser que trai

A raiva afasta-se
A dor gasta-se
Redondas são as alturas
do chão que vais minando
de loucuras ocultas atadas
a velhas prisões e moradas

O ar contrai todo o clima.
Do desassogego
Se faz a praia do mérito
Em tons suaves o apego
inclui a razão do mar desértico

Desprendida a vontade
Se torna o ar pesado
Vivalma percebe não
do que se tem de salvar
É como a restauração.



Abril, 2013

Sara Nogueira©








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