domingo, 29 de junho de 2014
Linda infeliz
Para os felizes, infelizes e 'infelizgnósticos'
Tenho coisas feias
Que às vezes querem surgir
Bebo um, mil copos
Até as conseguir parir
Julgo perceber
As tristezas alheias pairando
Neste céu poluído e gaseificado
Das dores e dissabores
De quem pressiona a vida
Contra as paredes
de ar murmurado
E reflito uma, mil vezes
Sobre o destino que dou
A esta pressão suja de ódio
A esta ansiedade vazia de lágrimas
E a este desejo profundo em calor morto
E fico incomodada
por não fazer rimar
Estes versos cheios de nada
Estas palavras enceradas de
Gorduras preliminares de animais vivos
Troquemos palavras felizes
Hipòcritas em seus sorrisos
Se existem e têm significado
Que façam sons alegres de guizos.
Ensinem- me lá o que isso é: feliz.
Sara Nogueira©
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Estagnação
(Recomendações de leitura: beber um copo de água e ler em voz alta)
Sobre amarelo vivo
Entardece a hora a que durmo
Nesse resplandecer altivo
Solto o breve respirar em fumo
E intento por vezes a razão
E ela me desconhece
Aos pesadelos dou vasão
E o frio que não veio amanhece
Sou o sentir da dor
o sentir tudo de todas as formas
sou o polir da cor
a vaidade que em cera transformas
Perante esse lírico destino
Restava o contentamento
Mas somos todos fascínio
O espelho que todos os dias lamento
E não há conclusão
Sem que haja uma manifestação
Conscientemente o ímpeto
Se eleva até ao altar do gesto!
Quantas mais serão as ofertas
Não esta, aquela ou estas
Mas todo o ser que se distrai
De si mesmo, sem que nada
o desminta do outro velho ser que trai
A raiva afasta-se
A dor gasta-se
Redondas são as alturas
do chão que vais minando
de loucuras ocultas atadas
a velhas prisões e moradas
O ar contrai todo o clima.
Do desassogego
Se faz a praia do mérito
Em tons suaves o apego
inclui a razão do mar desértico
Desprendida a vontade
Se torna o ar pesado
Vivalma percebe não
do que se tem de salvar
É como a restauração.
Abril, 2013
Sara Nogueira©
Sobre amarelo vivo
Entardece a hora a que durmo
Nesse resplandecer altivo
Solto o breve respirar em fumo
E intento por vezes a razão
E ela me desconhece
Aos pesadelos dou vasão
E o frio que não veio amanhece
Sou o sentir da dor
o sentir tudo de todas as formas
sou o polir da cor
a vaidade que em cera transformas
Perante esse lírico destino
Restava o contentamento
Mas somos todos fascínio
O espelho que todos os dias lamento
E não há conclusão
Sem que haja uma manifestação
Conscientemente o ímpeto
Se eleva até ao altar do gesto!
Quantas mais serão as ofertas
Não esta, aquela ou estas
Mas todo o ser que se distrai
De si mesmo, sem que nada
o desminta do outro velho ser que trai
A raiva afasta-se
A dor gasta-se
Redondas são as alturas
do chão que vais minando
de loucuras ocultas atadas
a velhas prisões e moradas
O ar contrai todo o clima.
Do desassogego
Se faz a praia do mérito
Em tons suaves o apego
inclui a razão do mar desértico
Desprendida a vontade
Se torna o ar pesado
Vivalma percebe não
do que se tem de salvar
É como a restauração.
Abril, 2013
Sara Nogueira©
quarta-feira, 25 de junho de 2014
Chegar
Chego aqui, esforçando-me para espelhar aquilo que sempre aprofundei cá dentro. Às vezes, cá dentro, é a única vida que se faz sentir.
Começo com a morte, com o chegar e o partir.
Recomendações de leitura: Respire profundamente duas vezes antes de ler.
Chegar/Partir
Três vezes sossego
no teu olhar maciço
Troco o beijo
por um feliz feitiço
Dia sonoro este
Verão! Pronúncia do
ser mundano
Peste e amor profano
Felizes os que sabem,
Os que não sabem
Tentam ser
Morto impeçilho aguado!
Sujo olho cego tenta ver
Guarda jugos estranhos
São dois que se atentam
Por laços e tamanhos!
Julieta morre
Estranho medo de vida
Vontade incompleta
Facto que amaldiçoa
Esta ternura deserta
Chega o meio e o fim do horror
Guio-me à insatisfação
Chega de achar que o amor
Virá com razão.
(Junho, 2014)
Sara Nogueira©
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